Como é ir em um restaurante de duas estrelas Michelin
Você sabe ir em um restaurante de duas estrelas Michelin? Neste post eu vou explicar o que são estes restaurantes e como o foi a minha experiência de jantar no restaurante Tuju em São Paulo.
O que é um restaurante Michelin
Os restaurantes Michelin são considerados os melhores do mundo. Eles são uma tradição do guia francês Michelin (sim, o mesmo dos pneus). Para incentivar a demanda por carros (e consequentemente pneus) no início do século passado, a empresa criou guias com os melhores restaurantes, hotéis, etc.
E como funciona a avaliação dos restaurantes? Um grupo de jurados secretos visita os restaurantes mais badalados dos países e classifica eles de acordo com serviço, qualidade dos pratos, etc. Muitos restaurantes não entram na lista e acabam apenas sendo recomendados. Outros ganham estrelas. O mínimo é uma estrela e o máximo três (categoria essa que geralmente contém os restaurantes eleitos os melhores do mundo).
Restaurantes Michelin no Brasil
O Brasil não possui nenhum restaurante com três estrelas Michelin. O máximo por aqui são duas. Um renomado exemplo é o D.O.M. em São Paulo do chef Alex Atala. Outro exemplo é o restaurante que eu fui, o Tuju.
OBS: O Tuju sofreu algumas mudanças e o chef Ivan Ralson abriu o Tujuina, um restaurante de proposta muito semelhante, mas mais descontraída. Segundo o que pesquisei no Instagram, há um perfil para o Tuju que consta a frase “em breve”, então é possível que o restaurante reabra no futuro (lembrando que devido ao fechamento temporário, o restaurante perde suas estrelas Michelin).
Reservando o jantar e preparativos
Restaurantes Michelin geralmente exigem que você realize uma reserva online (e muitas vezes com um depósito de segurança no seu cartão de crédito). Muitos desses lugares também possuem uma fila de espera considerável, motivo pelo qual sugiro que você se programe com muita antecedência. Por exemplo, a Osteria Francescana na Itália, que já foi o melhor restaurante do mundo, tem uma fila de espera de meses!
Uma vez que fizemos a reserva no Tuju nos preocupamos com a experiência, pois nunca havíamos ido em um restaurante desse naipe. Até com nossos trajes nos preocupamos, porque segundo o que eu havia visto na internet sobre restaurantes, já que deveríamos ir muito bem vestidos e trabalhados na formalidade!
O espaço e a equipe/staff
Ao chegar no restaurante (que é lindo por fora e por dentro), fomos cumprimentados pelo chef – o que eu não esperava que fosse acontecer – e notamos que muitas pessoas estavam vestidas de forma bem informal: camiseta e shorts. É o que acontece no Brasil.
Fomos levados para nossa mesa no lindo e pequeno salão do restaurante. A cozinha é no estilo aberto, então era possível ver um pouco do processo de preparo dos pratos.
A equipe do restaurante era fenomenal e nada intimidadora. Foram simpáticos e solícitos. Como eu estava com um estrangeiro, fomos atendidos principalmente em inglês.
O menu degustação
Os restaurantes Michelin ou mais requintados costumam ter opções de menu degustação para você escolher: opção vegetariana, opção com frutos do mar, opção de harmonização com vinhos (sempre a mais cara). Nós escolhemos a opção com frutos do mar e harmonização de vinhos.
Muitas pessoas pensam que o fato de restaurantes mais gourmet servirem porções menores faz com que você saia com fome do lugar. Eu não poderia discordar mais! Nós quase não conseguimos terminar os últimos pratos!
Junte treze, sim, TREZE pratos de tamanho pequeno-médio e você irá ficar completamente satisfeito. Agora pense nesses treze pratos todos acompanhados de uma taça de vinho! E mais um drink de boas-vindas que foi o melhor drink com cachaça que já bebi na vida.
Abaixo está uma foto do menu para você saber exatamente o que eu comi naquela noite. Os destaques para mim foram o Caramujo do Mar (que possuía sabor de mar da melhor forma imaginável) e a sobremesa de chocolates variados. Muitos vinhos me chamaram a atenção. Um deles foi um vinho italiano não filtrado (do qual não me lembro o nome) e o espumante gaúcho Brut da Cave Geisse (que vale muito a pena provar!).
Momento engraçado
Em um dado momento do jantar, o garçom trouxe dois pratos com duas coisas felpudas e brancas enroladas que estavam quentes. Como estávamos em um restaurante Michelin, não pensamos que aquilo poderiam ser toalhas para nós nos higienizarmos (como de costume em restaurantes orientais – o que não era o caso desse restaurante). Ficamos um tempão olhando para aquilo e conversando sobre que comida era e se era comestível, até que o garçom nos perguntou se gostamos das toalhas quentes…
Preço dos restaurantes Michelin
Vou falar agora da coisa da qual provavelmente a maioria das pessoas têm curiosidade: o valor desse jantar. Ele foi R$750,00 por pessoa. É um valor que assusta muito! Vou explicar um pouco do porquê desse preço que parecerá demasiado alto para muitas pessoas.
Antes de tudo, temos que ver esse jantar não apenas como um mero jantar. Ele é um evento, uma experiência que realmente marca os amantes da gastronomia. Enquanto há pessoas que gostam de investir em jogos caros, itens de colecionador, móveis, há aqueles que estão dispostos a gastar mais para uma experiência única de jantar. Para mim, como um presente, por exemplo, acho muito mais bacana um jantar assim do que um presente físico em si!
O valor de um jantar desse leva em conta não apenas essa questão mais “abstrata” da experiência, mas também o custo de toda a operação. São muitos funcionários para o tamanho do restaurante e todos são muito treinados – o que significa que o piso salarial é mais alto. Além disso, os equipamentos necessários para a produção dos pratos são equipamentos modernos, muito específicos e, portanto, muito caros!
Ainda há a questão da logística e qualidade dos alimentos. Muitos restaurantes Michelin irão no mínimo optar por utilizar produtos orgânicos. Muitos deles também servem iguarias ou alimentos raros e caros. Some a isso a qualidade desses alimentos que deve ser superior. Isso tudo gera um grande custo para o restaurante. É por esse motivo, que o fato de um restaurante ser Michelin não implica que seu dono se torne rico por causa do restaurante. Esses lugares geralmente trabalham com uma margem bem apertada.
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Isabela Gugelmin
A Isabela tem 26 anos e é formada em Relações Internacionais. Já morou no Canadá e Alemanha, e é amante de café, história, estudar línguas e viajar.