Estereótipos da Alemanha
Já faz mais de 10 anos que vivo na Alemanha, e todo esse tempo me ajudou a desfazer alguns estereótipos da Alemanha que os brasileiros (e eu mesmo quando cheguei aqui) tem da Alemanha e dos alemães. Claro que alguns dos clichês podem ser vistos em algumas regiões ou situações específicas, mas generalizar pode conduzir a falsas impressões sobre o país e seu povo que não condizem com a realidade que se vê aqui, vivendo e convivendo com alemães. Aqui uma lista de 5 clichês que caíram por terra em mais de uma década de Alemanha:
1. OS ALEMÃES SÃO SÉRIOS E FRIOS
Ou será que os brasileiros que são muito abertos? Quem já viajou pelo mundo sabe que o comportamento do brasileiro é exceção, e não regra. E aqui na Alemanha não é diferente, bem como em outros países da Europa. Alemães são diretos e objetivos num contexto geral, mas com familiares e amigos, por exemplo, são bem mais abertos e próximos.
Em cidades maiores como Berlim, as pessoas também valorizam bastante o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Os alemães trabalham em geral de forma focada, mas depois da Feierabend (fim do expediente) correm para os parques, bares e restaurantes para encontrar amigos , rir e relaxar.
2. NO INVERNO, O FRIO É EXTREMO E AS RUAS FICAM DESERTAS
Você está falando da Sibéria? Bem, porque aqui na Alemanha não é bem assim, No sul do país (que incluiu a Baviera e região dos Alpes) o frio é mais intenso, com temperaturas abaixo de 10 graus negativos, e no inverno cai muito mais neve. Já no norte do país (que inclui Berlim e Hamburgo) o inverno é relativamente mais brando e algumas vezes temos um inverno inteiro com poucos dias de neve. Vivo em Berlim desde 2010 e a temperatura mais baixa que vivenciei aqui foi -21 graus (exatamente no meu primeiro inverno, em 2010). Nesse ano também se registrou o maior volume de neve na cidade (de 27 a 30 cm) num período de 100 anos! Mas isso foi uma exceção.
E como se diz aqui na Alemanha:
“Não existe tempo ruim, o que existe é roupa inadequada.”
Aqui na Alemanha temos roupas adequadas para o inverno e assim continuamos a vida normalmente: ir ao trabalho, faculdade, passear, fazer compras…o inverno não impede que a vida continue.
3. A ALEMANHA É EXTREMAMENTE BUROCRÁTICA
E o Brasil não é? A primeira impressão de brasileiros na Alemanha é que tudo é extremamente burocrático. Eu mesmo tive essa impressão quando vim pra Berlim em 2010. Agora imagine que todos os documentos que você teve uma vida para tirar no Brasil, aqui você precisa ter em mãos em poucos meses. Isso faz com que formulários, órgãos públicos, agendamentos sejam parte obrigatória da sua rotina ao chegar aqui. E ao chegar em qualquer outro país.
Aqui você precisa de visto (como em qualquer outro país), de uma conta em banco (como em qualquer outro país), de seguro-saúde (como em muitos outros países). Viver no exterior inclui burocracias que não são exclusividade alemã. Dizer que a Alemanha é extremamente burocrática seria injusto, pois outros países (inclusive o Brasil) também são. Sim, existe burocracia aqui, mas isso faz parte do trâmite legal para viver em qualquer lugar do mundo.
4. ALEMÃES BEBEM CERVEJA TODO DIA
A Alemanha é reconhecida por cervejas de alta qualidade e o consumo per capita no país é grande, mas isso não significa que você vá andar pelas ruas e ver quase todo mundo com uma garrafa de cerveja na mão.
Aliás, os alemães consomem mais café do que cerveja. 80% dos alemães bebem pelo menos uma xícara de café por dia, Em média são 3,5 xícaras/dia. Isso dá mais de 150 litros de café por ano por pessoa. Já o consumo de cerveja tem uma média de 102 litros por ano por pessoa.
5. ALEMÃES USAM CALÇA DE COURO E TRAJES TÍPICOS
E brasileiros usam saia de baiana. Nem um nem outro é verdadeiro. A calça de couro é um dos trajes típicos da região da Baviera, e ainda usada em festividades ou em vilarejos por pessoas mais tradicionais. Fora isso, você não verá nas cidades pessoas vestidas dessa forma, assim como dificilmente verá alguém com saia de baiana andando na Avenida Paulista.
Egnaldo Oliveira vive em Berlin há mais de 10 anos. Nesse período, já fez de tudo por lá: trabalhou em café e balada, foi guia, tradutor, revisor, intérprete e professor de alemão e português. É mestre em linguística aplicada e comunicação intercultural pela Universidade Livre de Berlim. Atualmente trabalha como especialista em cursos de integração para refugiados. Leia mais em: Um Brasileiro em Berlim
Este post sobre os estereótipos da Alemanha faz parte do Beda- Blog Everyday August e da coluna especial do Qualquer Latitude. Quer contar a sua história aqui no blog? Mande seu texto para contato@qualquerlatitude.com.br
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Yasmin Graeml
Yasmin Graeml é jornalista e idealizadora do Qualquer Latitude. É noiva de um Alemão Australiano, trabalha para uma startup na Califórnia focada em América Latina. Vive entre línguas e latitudes! Já morou na California, em Orlando (trabalhando na Disney), na Tailândia e na Austrália. Ama explorar novos destinos e contar histórias.