Mochileiros da Internet

O termo mochileiro vem do inglês backpacker e surgiu com a geração beatnik na década de 1950. Este termo é usado para representar um grupo de viajantes, normalmente jovens que buscam ser o mais econômico possível em suas viagens. Para manter os custos baixos estes viajantes procuram se hospedar em albergues, hostels e até em casas de desconhecidos, pedem carona ou usam transportes públicos e não se importam de trabalhar enquanto viajam.

Segundo uma pesquisa realizada pela International Student Travel Confederation e pela Association of Tourism and Leisure Education em 2003 com o objetivo de caracterizar estes viajantes,os mochileiros normalmente têm menos de 26 anos, são pessoas com bom nível de estudo e que ganham menos de 5.000 dólares por anos. Os principais motivos apontados pela pesquisa para este tipo de viagem para este tipo de viagem é conhecer novas culturas e novas pessoas.

Atualmente as viagens são planejadas online e se baseiam em blogs e sites dedicados ao assunto. O gerente do Expresso Hostel de Curitiba, Gustavo Yrihoshe, explica que para o hostel é muito importante estar vinculado a sites na internet e que atualmente 50% das reservas vem através destes sites. Matheus Rosa é um exemplo de mochileiro que organizou seu mochilão de um mês na Europa pela internet. Ele conta que usou sites de referência para reservar os hostels em que se hospedou:

“na internet existe uma diversidade de sites de reserva disponíveis que são muito práticos, pois facilitam a comparação de características que foram decisivas na hora de escolhê-los. Além de que, na maioria do sites o pagamento era feito apenas na hora do check-in no hostel, dispensando qualquer pagamento online”.

Para o professor de turismo André Polletti os blogs e sites têm trazido mais informações, atualmente as pessoas têm acesso a tudo que precisam para viajar sem precisar necessariamente de uma agência. Ele também conta que é comum encontrar pelo mundo mochileiros que trabalham em hostels em troca da hospedagem,

“é uma troca de moradia e alimentação por trabalho, tem muita gente fazendo isso é uma forma de viajar, aprender e conhecer o mundo”.

Para um mochileiro economizar é a regra principal e a internet e as redes sociais podem ser grandes aliadas. O viajante Reginaldo Martins conta que organizou uma viagem para Orlando com oito pessoas que se conheceram pelo facebook. A ideia de viajar com desconhecidos é de dividir os custos da viagem como acomodação e aluguel de carro.

“Eu fiz uma postagem em um site e foi aparecendo pessoas que toparam a viagem”.

Foram oito pessoas em uma viagem de 13 dias e entre os viajantes ele conheceu Aline Sayuri Saito sua atual namorada. Aline conta que o grupo se conheceu pessoalmente já no aeroporto de Guarulhos onde embarcaram para a viagem:

“a convivência foi melhor que eu imaginava. Não esperava sermos tão iguais”.

Para ela a viagem rendeu novos amigos e um pedido de namoro.

Apps na mochila

Aplicativos têm gerado concorrência para negócios tradicionais em várias áreas, entre elas o turismo. Para quem viaja gastando pouco aplicativos como airbnb, couchsurfing, Uber e Bla Bla Bla Car podem reduzir custos de acomodação e transporte.

A viajante Gabrielle Mariano acredita que a internet pode ser uma grande aliada na missão de viajar sem gastar muito, ela conta que já conseguiu carona por grupos no facebook e que usa aplicativos como o couchsurfing, app que permite com que pessoas disponibilizem um quarto de hóspedes para viajantes, e que isto ajudou ela a reduzir os gastos da viagem. “É uma experiência muito incrível. Além da redução de gastos, fazemos novos amigos”.

Para o economista Anderson Sabara estes aplicativos representam a economia pulverizada e a quebra do padrão tradicional uma vez que antes destes apps era necessário ter uma licença e estrutura de um hotel ou pousada para hospedar pessoas e atualmente é apenas necessário um quarto sobrando ou até mesmo um sofá. “Esta nova forma de economia, desestrutura a economia velha com consequências positivas e negativas. O lado positivo é que traz concorrência o que baixa os preços pela lei de oferta e procura e o negativo é que muitas empresas tradicionais que já estavam estruturadas ao perder seus clientes acabam demitindo vários funcionários”. Para ele estes aplicativos são uma democratização nos segmentos de negócio, pois não têm necessidade de um investimento grande de capital para ganhar dinheiro.

Yasmin Graeml criou o Qualquer Latitude em 2013 durante um intercâmbio de High School na Austrália, jornalista e apaixonada por contar histórias adora dar conselhos de viagem e preparar roteiros para os leitores do blog!