Ela me ensinou a viajar

Alguns dizem que tenho o rosto, outros o gênio da minha mãe…, talvez a determinação, mas, sem dúvida, a paixão por viagens!

Não fui uma criança fácil, eu sei. Ela chegou a viajar com um “kit emergência”: uma bolsinha cheia de massinha, lápis de cor, coisas com brilho, que eu gostasse, para me acalmar no avião. Deixava eu viajar deitada, com a cabeça no colo dela e as pernas no colo do meu pai, fazendo da classe econômica a minha própria primeira classe. Levava chocolate e biscoitinhos, pois sabia que eu não gostava da comida de avião.

Quando moramos nos Estados Unidos ela ia me buscar com uma marmita na escola, pois sabia que eu também não gostava do almoço do colégio. Foi comigo em todos os parquinhos e descobria festas infantis gratuitas pela cidade, porque não tínhamos dinheiro para nada de muito supérfluo, com meu pai ganhando uma bolsa de estudos e o dólar a 4 para 1….

Ela me ensinou a fazer mímica para pedir as coisas, já que com três anos meu inglês era quase inexistente. Acordava todas as manhãs ao som de Barney (the dinosaur) e fazia trancinhas e penteados diferentes para eu ficar mais parecida com as minhas coleguinhas negras da escola. Não queria me sentir excluída por ser a única sem trancinhas no cabelo. E, depois, ainda gravava o Clifford e o Sesame Street em vídeo-cassete para eu assistir quando chegasse da aula (naquela época ainda não tinha Netflix!)

Ela que passou vergonha quando eu falei em voz alta, no meio do congresso em que meu pai estava participando: “Mãe, posso saber porque não estarmos neste hotel maravilhoso e estamos naquele super pulguento?”. É, a gente ficava no hotel baratinho, mas pelo menos ia todo mundo junto para os lugares onde meu pai tinha que apresentar seus trabalhos. Ou então quando uma amiga comentou que achava uma loja que vendia coisas baratas super mal frequentada e eu contei que era nossa loja favorita, já que era onde ela me levava toda terça feira (dia que chegava coisas novas) para comprar livrinhos e brinquedos!

Minha mãe aguentou meu Furby tagarela (apesar de muitas ameaças de jogá-lo pela janela) e ouviu a voz da Xuxa e o CD do High School Musical milhares de vezes.

Hoje, ela diz que sente orgulho de mim, e que eu sou como ela gostaria de ter sido quando tinha a minha idade. Ela diz que admira minha determinação, coragem e persistência e eu sei que, apesar de ela dizer que não, isso tudo veio dela! Ela sempre foi forte, me ajudou a encontrar saídas para todos os problemas, me deu broncas (e quantas!). Até de roupa em baixo do chuveiro ela me colocou uma vez que eu estava fazendo malcriação. Mas sempre me apoiou e me deu suporte em todas as minhas decisões!

Por tudo isso, ela tem, e sempre terá, um lugar muito especial no meu coração, onde quer que estejamos!

Feliz dia das mães!




Yasmin Graeml criou o Qualquer Latitude em 2013 durante um intercâmbio de High School na Austrália, jornalista e apaixonada por contar histórias adora dar conselhos de viagem e preparar roteiros para os leitores do blog!

2 Comentários