desligar o celular

Por que desligar o celular é tão difícil?

Já existem vários estudos mostrando que ficar longe do celular pode causar abstinência. Você já provavelmente sentiu alucinações de vibração mesmo sem estar com o celular por perto, ou ficou desesperado ao perceber estar afastado do aparelho. Eu já tive algumas experiências de ficar totalmente off-line: a primeira sem querer, a segunda em desafio de desligar o celular por mais de 24 horas e a terceira por necessidade em função da quarentena.

Disclaimer: Meu uso do celular em geral é bem saudável, quando estou com outras pessoas raramente fico mandando mensagem ou em redes sociais. O objetivo deste post é falar um pouco sobre a nossa dependência das funções da tecnologia e como o nosso relacionamento com as telinhas mudou na quarentena.

sem celular

Sem celular no deserto da Austrália

Durante o intercâmbio de High School fui fazer uma viagem com os outros intercambistas pelo Outback Australiano. Logo nos primeiros dias da viagem o meu celular estragou e foi a primeira vez que percebi a minha dependência nele. Eu estava acampando sem lanterna (usava a do celular), em um lugar maravilhoso sem uma máquina fotográfica (usava o celular), sem relógio (usava o celular)… E do nada a minha tecnologia preciosa simplesmente parar de funcionar me ensinou muito. Me proporcionou momentos incríveis, que depois do podcast Respira, não pira entendi serem de mindfulness ou seja eu estava 100% no momento e no deserto. Na época eu relatei toda esta experiência aqui no blog no post duas semanas sem celular no meio do deserto.

Desligar o celular como pesquisa acadêmica

Durante o meu ano na UC Berkeley fiz uma matéria de comunidades digitais. Nesta matérias a gente discutia muito como as tecnologia afetam nossa forma de agir e pensar. Depois de ler vários artigos sobre a abstinência tecnológica e as mudanças que os celulares e relógios smart traziam para a nossa vida tivemos uma tarefa de passar um dia desconectados. Eu escolhi uma sábado que tinha jogo de futebol americano. Parecia uma escolha boa já que eu estaria distraída em festas o dia todo. Na verdade eu percebi o quanto dependemos do celular para coisas pequenas como ver a localização dos amigos, combinar horários, transferir dinheiro, usar o google maps, etc… Meus amigos ficaram quase mais irritados do que eu com a tarefa. E, apesar de não usar o meu celular, a falta foi mínima afinal eles ainda podiam ver o caminho e coisas assim.

Sem celular na pandemia

Sempre trabalhei com o celular e sou muito ativa nas redes sociais mas, para mim, nada como passar uma tarde rindo com os amigos. Esta desconexão era algo que acontecia sem programação. Talvez não fosse um desligar total do celular mas com certeza era uma redução no tempo de uso. Porém, na pandemia, me vi cada vez mais presa a ele. Meu trabalho, meu local de estudo e de socializar. Só fui entender o “mal” que o excesso estava me causando quando desliguei e, por estar em casa, não me fez falta para nada. Não senti abstinência do celular e sim das pessoas reais em minha volta. Acredito que vamos perceber isso com o fim da pandemia, talvez as pessoas postem mais mas consumam menos conteúdo. Acredito que depois desta overdose tecnológica a gente vá passar por uma fase mais humana e mais longe dos relacionamentos digitais.

Disclaimer 2: Este post é apenas uma reflexão. Existem estudos científicos nas mudanças de comportamento e sintomas de abstinência tecnológicos. Porém, esta reflexão sobre a pandemia e um futuro mais real foi 100% baseada em uma experiência pessoal.

Yasmin Graeml é jornalista e idealizadora do Qualquer Latitude. É noiva de um Alemão Australiano, trabalha para uma startup na Califórnia focada em América Latina. Vive entre línguas e latitudes! Já morou na California, em Orlando (trabalhando na Disney), na Tailândia e na Austrália. Ama explorar novos destinos e contar histórias.